Ceratocone (do grego, “kerato”: córnea e “conus”: forma cônica) é uma doença não inflamatória da córnea. Ela acontece quando a baixa rigidez do colágeno corneano permite que a área central ou paracentral da córnea assuma uma forma cônica.
O ato de coçar os olhos (prurido ocular) deixa a córnea mais fina e irregular, causando visão embaçada e distorção das imagens.
É quase impossível prever a velocidade da progressão do ceratocone. Isso acontece pois cada pessoa apresenta um desenvolvimento diferente da doença. Porém, o ato de coçar os olhos é o principal fator de risco para a progressão, pois altera a composição das enzimas na córnea e reduz a sua resistência.
O ceratocone acomete os dois olhos em mais de 90% dos casos. Entretanto, um dos olhos geralmente é mais afetado que o outro, o que chamamos de assimetria.
Mesmo com o uso de óculos, a irregularidade corneana, na maioria dos casos, continua provocando baixa visão. Isso significa que mesmo realizando um excelente exame de refração a acuidade visual não é satisfatória.
O ceratocone acomete 1 em cada 2 mil pessoas. Geralmente aparece na adolescência ou em adultos jovens e pode progredir até os 40 anos de idade. Os jovens com doenças avançadas têm mais chance de progressão, enquanto após os 35 anos de idade a doença dificilmente piora.
As causas específicas ainda não são conhecidas, mas a origem mais provável é genética. Apesar disso, somente 20% dos pacientes com ceratocone têm alguém na família com a doença. Os pacientes que apresentam predisposição genética e tem o hábito de coçar os olhos geralmente vão ter a doença mais precocemente e em sua forma mais avançada.
No início da doença o diagnóstico pode ser difícil, pois o exame biomicroscópico pode revelar normalidade mesmo em pacientes que já apresentam ceratocone. Por meio do exame, muitas vezes o oftalmologista diagnostica na refração somente astigmatismo e miopia. Alguns pacientes com ceratocone também têm hipermetropia.
Nas situações iniciais, o diagnóstico é feito utilizando-se o exame chamado topografia e/ou tomografia de córnea, que é o principal exame para diagnóstico e acompanhamento da doença. O Pentacam é hoje considerado o melhor exame para detectar o ceratocone.
As lentes de contato corneanas (gelatinosas ou rígidas) são uma opção para o ceratocone. Em alguns casos, a lente escleral pode ser uma boa opção. O anel intraestromal corneano, ou anel de Ferrara, também é indicado para o tratamento de ceratocone, especialmente em casos de intolerância à lente de contato.
Somente em 5% a 10% dos casos de ceratocone é necessário realizar o transplante de córnea, quando a progressão da doença causa opacidades e cicatrizes corneanas que prejudicam a visão e impossibilitam outros tipos de tratamentos.
O crosslinking corneano é um procedimento que vem sendo realizado para evitar a progressão da doença e evitar o transplante de córnea. Quanto mais cedo é realizado o diagnóstico, melhor o prognóstico e a escolha do tratamento.